A pauta é extensa e para debater todos os aspectos relacionados aos pontos levantados, já confirmaram presença cerca de 150 especialistas e interessados no assunto. Eles terão a oportunidade de aprofundar o debate a partir de exposições de convidados do Ministério da Saúde, da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) e de representantes de sociedades médicas. Além deles, trarão subsídios estudiosos de renome internacional, como Melchor Antuñano, da Federal Aviation Administation (agência oficial dos Estados Unidos que se dedica ao tema), e Farhad Sahiar, da Wright State University, uma das poucas escolas no mundo que oferece formação e especialização em Medicina Aeroespacial.
“Queremos suscitar o debate para que passageiros e tripulantes brasileiros recebam a atenção e os cuidados merecidos. O Conselho Federal de Medicina tem a preocupação de assegurar à sociedade acesso aos serviços qualificados. A demanda na área já se mostra importante e exige posições sérias e consequentes”, aponta um dos organizadores do I Fórum, conselheiro Frederico Henrique de Melo, que também é coordenador da Câmara Técnica do CFM que se dedica ao tema.
Capacitação – Atualmente, o Brasil não possui cursos que ofereçam a formação plena aos médicos que pretendem trabalhar como examinadores de aeronautas. Para a Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial, é necessário definir requisitos para que estes especialistas civis tenham acesso a conteúdos que os permitam examinar pilotos, copilotos, comissários de voo e outros profissionais da aviação. Com isso, poderão perceber as deficiências ou fragilidades dos tripulantes que possam comprometer o exercício de sua função ou de sua própria saúde.
Outro aspecto que preocupa os componentes da Câmara Técnica do CFM e que será abordado no debate de terça-feira se relaciona à fragilidade de regras para o transporte aeromédico no país. Faltam critérios claros que estabeleçam quem transportar, quando fazê-lo e sob quais condições. A preocupação é uma só: a exposição desnecessária dos pacientes a situações de risco que, em casos extremos, pode comprometer o bem estar ou até a vida dos indivíduos.
Além disso, médicos que atuam na área, ainda carecem de formação com conteúdos relacionados a procedimentos de urgência e emergência. “O ambiente aéreo precisa também de saúde. O grande volume de passageiros nos exige essa responsabilidade. A massificação do transporte em aviões coloca todos os dias milhares de pessoas num ambiente incomum, o qual exige cuidados e atenções específicas”, afirmou o brigadeiro-médico Flávio Xavier Murici, representante da Aeronáutica na Câmara Técnica do CFM.
Desdobramentos – O I Fórum Nacional de Medicina Aeroespacial pretende ser um marco nos debates específicos sobre o tema. A partir de sua realização, espera-se que representantes de diferentes áreas do governo e da sociedade busquem, de forma conjunta, soluções para os problemas apresentados. “Vamos colaborar de todas as formas possíveis para que sejam garantidas condições para o bom exercício da Medicina, primando pela qualidade da assistência”, ressaltou o conselheiro Frederico Melo, ao apontar que, durante o encontro, o CFM consolidará um gesto em favor da sociedade.
Durante o Encontro será lançada a publicação “Doutor, Posso Viajar de Avião? – Cartilha de Medicina Aeroespacial”, elaborada por meio de uma parceria entre o CFM e a Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo. São 70 páginas que reúnem recomendações a médicos e pacientes sobre medidas que podem ser adotadas para garantir um voo seguro em casos onde o passageiro apresenta sintomas de alguns problemas de saúde.
A cartilha, cuja tiragem inicial é de 5 mil exemplares, será distribuída entre entidades médicas, profissionais interessados, escolas de medicina e empresas de aviação. Também será possível acessar o documento pela internet, no site do CFM (www.portalmedico.org.br). “É importante mostrar, sobretudo aos médicos, o peso da orientação antes da viagem. É preciso que o profissional esteja ciente das recomendações que devem ser feitas a cada um dos passageiros/pacientes, segundo seu quadro clínico”, explicou Frederico Melo. Para ele, ao fazer as orientações em seu consultório, o profissional cumpre com o importante papel de agente de prevenção e de educação em saúde.
Entre os itens que constam da cartilha estão orientações para o transporte de gestantes, de crianças, de portadores de doenças respiratórias, cardiovasculares e de transtornos psiquiátricos. Para os passageiros, o conselheiro do CFM acrescenta: apesar das recomendações serem simples, não pode prescindir da opinião de um médico se houver dúvidas.