HUMANIDADES EM MEDICINA: III Congresso começa com críticas ao momento político do País

    “Não é possível mais suportar políticas eleitoreiras. O país precisa é de cidadania”, lembrou o 1º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital. Já presidente da Federação Brasileira das Academias de Medicina (FBAM), José Leite Saraiva, pediu respeito à profissão e aos seus princípios fundamentais, resgatando-se a dignidade em seu exercício a partir do respeito à legislação. Para Pietro Novellino, presidente da Academia Nacional, ressaltou ainda a importância da união da categoria neste processo.

    O presidente do CFM, Roberto d’Avila, ressaltou a importância dos debates que serão conduzidos até a próxima sexta-feira (25). Para ele, o Congresso de Humanidades serve de espaço para reflexão sobre os tempos correntes onde “nada que é humano é estranho”. Preocupado com o futuro, o responsável pela organização do encontro, disse que a sociedade está insensível às ameaças que colocam em risco conquistas e avanços alcançados nas últimas décadas. Na avaliação da presidente da Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), Beatriz Rodrigues, concordou com a avaliação e lembrou que a busca da humanização da assistência e o fortalecimento do vínculo médico-paciente são peças chaves para a superação dos problemas atuais.

    Logo após as manifestações da abertura do III Congresso de Humanidades, o convidado de honra da noite, o professor Dante Marcello Claramonte Gallian (diretor do Centro de História de Filosofia das Ciências da Saúde da Escola Paulista de Medicina), apresentou a conferência “As humanidades e a humanização no ensino e na prática médica”. De acordo com ele, a humanização não se restringe a quadros e belos ambientes em hospitais, mas envolve propostas sérias para reduzir o impacto de abordagens profissionais caracterizadas pela prevalência da técnica, mas por meio de um debate profundo sobre a teoria e a prática médicas. “Imaginava-se que se pode humanizar o médico da mesma forma como o treina. Houve uma investigação na qual se descobriu que por trás das políticas de humanização encontra-se um equívoco antropológico. Trata-se de uma visão do homem fundamentada numa visão racionalista. A perspectiva da humanização está sendo vista no viés do aperfeiçoamento”, polemizou.

    O III Congresso de Humanidades em Medicina continua nesta quinta-feira (24) com debates sobre a judicialização da Saúde. Também estão previstos os lançamentos dos livros Disciplina Literatura e Medicina – A pesquisa do contexto médico em textos literários: uma leitura transdiscursiva, de Mário Barreto Correa Lima e Paulo César dos Santos Leal; Primeiras impressões – iátrico em perspectiva, de João Manuel Cardoso Martins. No fim do dia, ocorrerá a entrega de comendas do CFM a cinco personalidades da Medicina que se destacaram em diferentes áreas de atuação.

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