Beduschi militou no sindicalismo médico nacional na época da ditadura militar. O anestesiologista de 79 anos deixou a prática médica e está se dedicando a pesquisas e disseminação dos conhecimentos que adquiriu ao longo de década de atuação na medicina. “Tudo começou quando fui chamada à Delegacia Regional do Trabalho, em Curitiba, pelo delegado general Adalberto Massa. Disse que fui indicado por um grupo de médicos do governo que estavam sem receber e que seria a pessoa certa para resolver o impasse. A partir daí passei a atuar no movimento sindical, levantando bandeiras em favor dos médicos”, conta.
“A tarefa era árdua. O ambiente político na época não era propício para movimentos trabalhistas e as pessoas tinham medo dos porões da ditadura. Mas fomos em frente e fundamos do Sindicato dos Médicos no Paraná. O grupo fundador não era engajado politicamente. Mas começamos com um trabalho de trazer o profissional para o sindicato, mostrando nossas ações principalmente em relação à remuneração e condições de trabalho. Num período de 10 a 12 anos, o Sindicato tinha filiado quase 90% dos médicos de um total de 3,8 mil que autuavam no estado”.
Na época, conta Beduschi, já lutavam contra o exercício ilegal da medicina, alertando todos os médicos sobre o registro profissional. Também eram nossas metas o trabalho com carteira assinada, fortalecendo o reconhecimento do vínculo empregatício do médico. Beduschi tem orgulho de contar que impediu que uma empresa de leasing de trabalhos médicos se instalasse em Curitiba, uma forma de contratação totalmente ilegal e antiética.
Para Beduschi, o movimento sindical deveria ser apartidário e lamenta que muitos sindicalistas usam o movimento para alavancar uma carreira política. “Acredito que o sindicalismo médico está indo bem. As bandeiras são fortes. Precisa mais engajamento do profissional”.