Foram relatadas pelas profissionais que estão cumprindo 60% de sua jornada de trabalho nas emergências sérias dificuldades tanto para se adaptar à rotina das emergências quanto para dar continuidade aos trabalhos em sua lotação efetiva. Como exemplo disso, lista-se: o serviço de regulação passou a funcionar com restrição, a campanha de combate à hanseníase – promovida em âmbito nacional pelo Ministério da Saúde e será realizada em agosto – ficará comprometida no DF e o programa de assistência domiciliar, que se beneficia de verba de convênio com a União, pode perder verba de R$ 840 mil por inexecução de relatórios e de projetos.
Nas emergências funciona mal o acordo de deixar na retaguarda os médicos que estão há muito tempo fora desse tipo de atendimento, desatualizados quanto a procedimentos e medicamentos e sem prática da pediatria. “Não temos como escolher quem atender dentro de uma emergência de hospital. Isso é impraticável e nos coloca em risco às portas de nos aposentarmos”, reclamou uma das médicas presentes, que está há mais de 20 anos longe do trabalho em emergências.
Martha Zappalá afirmou que foi solicitada nova audiência para apresentar diretamente ao governador Rodrigo Rollemberg as denúncias que as próprias chefias estão apresentando da impossibilidade de continuidade de serviços, como a neonatologia do Hospital Regional de Ceilândia. Também será pedida a imediata convocação de todos os pediatras aprovados no concurso realizado em 2014. Segundo Martha, a Secretaria de Saúde prestou informação de que dos 30 convocados, 13 pediram fim de fila e que, diante do quadro de condições inadequadas de trabalho e insegurança, há resistência em aceitarem lotação nas unidades onde hoje as equipes são as mais desfalcadas. Também foi informada que outros 20 aprovados serão chamados.
No próximo mês serão encerrados contratos temporários que não podem mais ser renovados, pois já foram prorrogados três vezes. Dos aprovados no concurso, 40 pediatras estão nessa condição. “É indispensável que sejam chamados agora, para que não se abra uma janela de mais de um mês com um desfalque ainda maior de pediatras”, aponta Gutemberg Fialho.
O presidente do SindMédico-DF também destacou a necessidade urgente de pagamento das horas extras de fevereiro e março e lembrou que o secretário de Saúde, João Batista de Sousa, já foi notificado e sabe da suspensão da prestação de horas extras a partir de 1º de junho, caso não ocorra a quitação dos atrasados.
Carmen Martins tomou para si a função de acompanhar a adaptação dos médicos à rotina nos hospitais para onde foram encaminhados. Informou que os nomes de médicos afastados foram incluídos na lista dos 31 que foram obrigados a fracionar sua jornada de trabalho. Disse que vai analisar os casos individualmente e buscar alternativa para os que não estão se adaptando à rotina.