RS: SIMERS exige ação da União contra redução de leitos

O Sindicato Médico do RS (SIMERS) cobrou o aumento imediato dos repasses de verbas do Ministério da Saúde para reverter e evitar maior fechamento de leitos do Hospital Universitário (HU) de Canoas, gerido pelo Sistema Mãe de Deus desde 2011. "A União transferiu o hospital ao município para aumentar o atendimento, agora precisa garantir o pleno funcionamento", reagiu o presidente do SIMERS, Paulo de Argollo Mendes. O Mãe de Deus também atende convênios no estabelecimento situado no campus da Ulbra, antiga dona da unidade.

O Sindicato alerta que o impacto da redução de vagas (que deve ultrapassar cem leitos) será sentido na assistência de saúde pública em toda a Região Metropolitana. O Hospital Centenário, em São Leopoldo, também está reduzindo leitos pelo SUS e Porto Alegre registra superlotação nas principais emergências hospitalares. O corte de vagas no HU, que já vinha ocorrendo nos últimos meses e se intensificou esta semana (o nono andar será fechado, e o sétimo já havia sido desativado), vai prejudicar principalmente quem aguarda cirurgias eletivas (não urgentes) em traumatologia. São leitos de internação e muitos de recuperação.

Segundo médicos residentes do Universitário, o cancelamento de agendas cirúrgicas vinha ocorrendo nos últimos meses e se agravou agora. Há mais especialidades afetadas. Além disso, o número de salas de cirurgia passou de oito a quatro, e haverá redução de leitos de UTI para receber pacientes pós-cirúrgicos, apurou o SIMERS. A imprensa noticiou que haverá demissões.

HU foi repassado ao município

O governo federal transferiu o HU ao município, após a ULBRA entregar o patrimônio em troca do abatimento de parte da dívida com a União. A medida foi oficializada em 2014. No começo de 2011, o Sistema Mãe de Deus assumiu a operação, vencida em licitação. Gradativamente, mais de 400 leitos foram sendo abertos.

Entre 2009 e 2011, o HU teve atendimento ambulatorial, devido a restrições financeiras geradas pela crise da universidade. O hospital também destinou mais recentemente 70 vagas para receber pacientes e reduzir a superlotação do Hospital Conceição. Esta oferta, segundo médicos, podem ser canceladas.

A prefeitura alega que os repasses estaduais e federais do SUS foram reduzidos. O Sistema Mãe de Deus, que também é gestor do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC), da UPA Rio Branco e de um CAPS da cidade, estaria enxugando a capacidade de atendimento para se ajustar ao volume de recursos. O déficit seria de R$ 2 milhões ao mês. Efeito ou não da restrição, atrasos no pagamento de médicos (com carteira assinada e prestadores) e até de bolsas de residentes têm sido rotina.

"Acreditamos nas boas intenções do prefeito, mas se ele não é capaz de prover a saúde de sua população deve devolver o hospital ao governo federal, a quem cabe aumentar as verbas em vez de fazer ajuste fiscal às custas do adoecimento da população", advertiu Argollo. Em 2016, encerra-se o contrato entre o grupo hospitalar e a prefeitura.