Esqueça a imagem do médico trabalhando sozinho na reabilitação de alguém doente. É algo que está ficando no passado. Hoje em dia os hospitais contam com equipes multiprofissionais, na qual médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas e profissionais de demais áreas dividem responsabilidades, buscando a melhora dos pacientes. “Esse sistema de atendimento é muito satisfatório, pois os doentes são atendidos de uma forma integral. Assim, os problemas são reconhecidos precocemente. Todo esse conjunto de pessoas trabalha com o único objetivo de acelerar a alta. Os pacientes se sentem bem mais acolhidos também”, garante o médico internista, Nelson Roesler.
Para que seja realizado um trabalho bem feito, a comunicação é essencial em equipes de qualquer empresa. Não é diferente em um grupo multidisciplinar. Roesler explica que, para melhores atendimentos, a integração entre os profissionais é intensa e ocorre semanalmente. “O paciente chega à emergência e faz avaliação, passa por critérios de inclusão e exclusão, e logo é encaminhado para a área do hospital da equipe multidisciplinar. Os profissionais fazem o parecer desenvolvendo um plano terapêutico. Duas a três vezes por semana essas especialidades se reúnem e discutem as condições do paciente”, conta.
Para o médico fisiatra e gerente clínico da Associação de Assistência a Criança com Deficiência (AACD), Thiago Calcagnotto, a relevância de uma equipe multidisciplinar é a possibilidade de potencialização das terapias nos tratamentos. “A grande importância de uma equipe é conseguir trabalhar melhor todas as demandas apresentadas pelos pacientes. Conseguimos potencializar as terapias e ocorre uma maior integração entre os profissionais”, explica. Calcagnotto ainda salienta que a comunicação é realmente a maior vantagem do tratamento feito pela equipe em comparação com as consultas individuais. “Às vezes acontece de um paciente ter o seu próprio fisioterapeuta ou fonoaudióloga, porém a grande diferença é que não há comunicação entre esses profissionais. Por isso que a integração de abordagem entre as áreas é a maior vantagem de ter todos os profissionais em um mesmo centro”, completa o fisiatra.
Esse método de atendimento pode ser considerado uma mudança positiva de pensamento, em que o paciente é tratado pelos terapeutas, não existindo um líder no sistema e com a divisão de responsabilidades. “Antes era tudo feito por consultoria e levava mais tempo. Não é a mesma coisa quando o profissional da outra área está mais próximo de seu colega, o que facilita essa troca de informações. É uma mudança bem positiva de mentalidade”, enfatiza Roesler. Na visão de Calcagnotto, essa questão pode ser um ponto de dificuldade durante a formação médica. “Pode ser que esse conceito esteja mudando. Na minha formação, o médico atendia, internava o paciente, prescrevia a fisioterapia e fazia tudo. Hoje em dia, apesar da pessoa ter um médico como referência, esse profissional não está trabalhando sozinho. É uma maneira de dividir as tarefas e, ao mesmo tempo, ampliar o espectro de avaliação”, explica.
Mas mesmo assim, existindo o acompanhamento de toda a equipe, o médico ainda continua sendo o maior responsável pelo paciente. “Não há um líder, porém o médico acaba tendo uma maior responsabilidade, pois o paciente está internado no nome dele. Estamos na linha de frente”, diz Roesler. O médico da AACD diz que na área da reabilitação, a coordenação por parte do médico é um processo natural. “Apesar de trabalharmos em conjunto, nos casos de reabilitação, o fisiatra acaba assumindo um papel de coordenador do grupo por causa da capacidade que temos de olhar o paciente por muitos ângulos”, afirma.