Remanejamento de médicos e demissão de funcionários preocupa servidores

A diretora do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed/RJ), Monica de Azevedo Vieira, informou, na manhã desta segunda-feira (04), que todos os funcionários administrativos terceirizados do Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC) estão cumprindo aviso prévio até o próximo dia 06. A denúncia foi feita durante protesto realizado na porta do hospital, em Marechal Hermes. “Além de atrasar nossos salários, o governo vai querer que a gente seja faxineiro e secretário”, ironizou a dirigente e médica do hospital.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ) ameaça transferir cerca de 700 funcionários estatutários do Hospital Estadual Getúlio Vargas para o Carlos Chagas. "Os médicos ficam sem ter o que fazer. Na emergência, tem 32 médicos para atender de 20 a 30 pacientes por dia", informou Mônica. No último dia 30, a Coordenação de Emergência do Getúlio Vargas recebeu ofício do setor de Recursos Humanos comunicando a suspensão da gratificação dos médicos estatutários – R$3.500,00 – “devido a reestruturação organizacional da SES”. “Isso é retaliação. Eles estão sendo forçados a buscar outras unidades”, alertou a diretora do SinMed/RJ.

O HECC encontra-se em uma situação lamentável, com serviços ambulatoriais suspensos e superlotação de médicos, enquanto outros hospitais apresentam carência de profissionais. “Antigamente tinha menos recurso. Hoje, o hospital tem muitos equipamentos, mas os serviços não funcionam. Eu, como moradora de Marechal Hermes, reivindico que volte o serviço de ortopedia e o atendimento ambulatorial”, declarou Gladi Lemos, de 51 anos, nascida no HECC e usuária desde então.

De acordo com os médicos, na década de 1990, o ambulatório do HECC chegava a fazer mil atendimentos por dia. Há três anos esse serviço foi extinto e os médicos foram remanejados para a Enfermaria e a Emergência. Os médicos do Carlos Chagas temem que as recentes mudanças ocorridas no hospital possam representar o fim do serviço de Pediatria no hospital, assim como foi feito com a Ortopedia, que foi totalmente transferida para o Hospital Estadual Albert Schweitzer, há alguns anos.

Segundo um médico anestesista do HECC, que preferiu não se identificar, os anestesistas contratados por cooperativas não recebem salários há cerca de quatro meses e devem ser demitidos nos próximos dias – “isso significa que não teremos mais anestesistas nos finais de semana”, explicou.

Neste mês, o governo estadual vai parcelar em cinco vezes o pagamento dos salários de todo o funcionalismo público estadual. A primeira parcela está prevista para o próximo dia 14. “Quem não paga salário em dia não pode cobrar nada do trabalhador”, disse o presidente do SinMed/RJ, Jorge Darze. O líder convocou todos os servidores estaduais e a população para que participem da assembleia do Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe), nesta quarta-feira (6), às 13h, no Largo do Machado, que precederá uma grande passeata que vai seguir até o Palácio Guanabara.