Em vistorias do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), os médicos denunciam que encontram situações lamentáveis de falta de higiene e de infraestrutura, que colocam a vida dos pacientes em risco. ‘Em alguns hospitais há situações absurdas, principalmente nas questões estruturais. É o buraco no teto na sala de medicação; descarte de lixo em locais impróprios e até equipamentos, com risco de contaminação, expostos’, afirmou o médico fiscal do CRM-ES, Antônio Mauro Bof.
Segundo o profissional, os hospitais das Clínicas, São Lucas, Antônio Bezerra de Faria e Silvio Avidos são os locais com maiores problemas de higiene e de infraestrutura identificados pelo Conselho. De acordo com o presidente do CRM-ES, Carlos Magno Dallapicola, essas irregularidades são anexadas em relatórios e encaminhadas ao diretor do hospital e ao órgão gestor.
‘Esse tipo de descaso aumenta o risco de contaminação do paciente e atrapalha o trabalho de toda a equipe de saúde.’ O presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Baptista, ressaltou ainda que a superlotação de muitas unidades também contribui para a falta de higiene nos hospitais e Pas. ‘A rede pública de saúde, seja ela municipal ou estadual, está sempre lotada.
E por causa do volume desse atendimento e da alta rotatividade nesses locais, o processo de limpeza e higienização fica muito a desejar. Sanitários, por exemplo, ficam em situação de calamidade.’ Mas não são só os médicos que denunciam irregularidades. A presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Espírito Santo (Sindienfermeiros), Andressa Barcellos, contou que recebeu denúncias de profissionais sobre a presença de ratos, baratas e mosquitos em hospitais no Estado. ‘Os equipamentos vão quebrando e viram entulhos nos hospitais, e se tornam lugares propícios para sujeiras. Isso é bem comum nos estabelecimentos de saúde.’
Limpeza é feita, diz governo
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou, em nota, que não há irregularidades nos hospitais da rede estadual. De acordo com a informação, todos os hospitais cumprem as exigências que determinam a legislação vigente. ‘Desta forma, o controle de pragas segue um rigoroso cronograma de execução, que pode ser verificado por meio dos certificados de execução dos serviços. Em relação à limpeza, informa que os hospitais contam com equipes de higienização e limpeza que trabalham diuturnamente para manter os padrões de qualidade’, informou.
O gerente administrativo do Hospital das Clínicas, Maroun Padilha, afirmou que o problema na enfermaria foi resolvido. De acordo com ele, o problema identificado pelos médicos na fiscalização foi solucionado em uma reforma que aconteceu na maternidade do hospital. ‘A reforma foi feita há dois meses, e contemos a infiltração, o mofo e recuperamos toda a sala de acolhimento da maternidade.’
O gerente explicou ainda que há uma equipe 24 horas que faz fiscalização e cuida da segurança do paciente. ‘Temos o Núcleo de Segurança do Paciente, além do Comitê de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para fazer o controle de toda a estrutura do hospital.’
Quanto à estrutura e higiene do Serviço Médico Legal (SML), em Linhares, a Polícia Civil informou, em nota, que a Superintendência de Polícia Técnico Científica não recebeu nenhuma notificação em relação ao fato relatado.