Antes da liberação do parecer 29/13, o procedimento foi aprovado em outubro de 2013 pela Comissão de Reconhecimento de Novos Procedimentos e Terapias em Medicina (CRNPTM), tendo cumprido todas as etapas necessárias, como a justificativa de aplicabilidade clínica, o protocolo de pesquisa clínica e de aprovação das etapas clínicas pelo Comitê de Ética em Pesquisa e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (sistema CEP/Conep). Os resultados consolidados das etapas pré-clínica, clínica e clínica expandida também validaram o estudo. “Ao final foi comprovada a eficácia da embolização das artérias da próstata”, afirma Cacilda Pedrosa.
Agora, o CFM deve editar, ainda em 2014, uma resolução sobre o procedimento. Após a autorização, outros centros, além da FMUSP, poderão oferecer a embolização das artérias de próstata, desde que cumpridas as regras previstas na resolução. A conselheira e relatora do parecer sobre a embolização das artérias da próstata, Cacilda Pedrosa (representante de Goiás no CFM) considera o tratamento útil, eficaz e seguro e o aponta como mais uma opção para os pacientes que não podem tomar alguns medicamentos, ou se submeter a uma cirurgia.
De acordo com o parecer, a embolização das artérias da próstata é um procedimento de alto risco e complexidade. Os pacientes devem assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os médicos que farão a embolização deverão ter feito um treinamento avançado específico em centros de excelência devidamente autorizados pelo CFM e credenciado pela Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular. Hoje, o único centro credenciado é o da FMUSP.
As indicações da embolização devem obedecer àquelas elencadas como opção terapêutica para o tratamento da HPB, não devendo ser considerada como primeira opção para o tratamento da doença até evidência científica em contrário. Para o urologista Alberto Azoubel Antunes, professor associado da Divisão de Urologia da FMUSP e chefe do setor de próstata, o grande atrativo é a simplicidade, além dos efeitos mínimos. “O procedimento também é totalmente seguro”, assegura.
De acordo com ele, o procedimento pode não ser indicado para todos os casos de hiperplasia prostática. “Nos casos mais avançados, o melhor é o tratamento convencional, o que não tira a importância desse tratamento”, enfatiza. “Na minha avaliação, esse procedimento foi o que de mais inovador ocorreu na área de urologia nos últimos dez anos”, avalia.
Desde 2008, quando começou a ser aplicado de forma experimental na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), a técnica já beneficiou mais de cem pacientes, com índice de satisfação superior a 90%. Além de ser menos invasiva, a embolização não causa os efeitos adversos das cirurgias tradicionais, como a ejaculação a seco e a incontinência urinária, o uso da anestesia é local e a permanência do paciente no hospital é menor do que na cirurgia tradicional.