A terceirização da saúde é prejudicial

A terceirização da gestão dos hospitais públicos implantada em Mato Grosso do Sul vem demonstrando ineficácia. O Instituto Gerir ganhou R$ 94 milhões entre agosto de 2016 e o início deste ano para administrar o Hospital Regional de Ponta Porã Dr. José Simone Netto, mesmo assim o hospital entrou em situação caótica.

Falta de medicamentos básicos, paralisação dos serviços de UTI, óbitos provocados por demora na remoção de pacientes graves para Dourados ou Campo Grande, desperdício de dinheiro e de tempo, entre outros casos, são alguns dos problemas e queixas que recaem sobre a instituição.

Este cenário não é particularidade de Mato Grosso do Sul, recentemente em Mato Grosso, na cidade de Rondonópolis, o Instituto Gerir, que constantemente atrasava pagamentos de salários, deixava faltar medicamentos e insumos para os atendimentos, além de incontáveis problemas, recebeu nos meses de junho, julho, agosto e setembro de 2018, o valor mensal de R$ 5,4 milhões, sendo que os gastos administrativos do Hospital Regional não ultrapassaram R$ 4.805,637,00. O lucro líquido do Instituto foi de R$ 600 mil por cada mês, o que é absolutamente vedado por lei.

O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, assim como diversas entidades ligadas à saúde, luta há anos para tentar evitar a instalação das OSs no Estado. A transferência da saúde pública para as OSs vem sendo objeto de estudos e processos jurídicos em todo o país nos últimos anos. O modelo foi criado na década de 90 para, supostamente, reduzir custos e melhorar a qualidade de serviço, mas ao longo dos anos o resultado vem sendo inverso ao proposto.

A saúde é direito de todos e dever do Estado. Terceirizar a saúde é sinônimo de prejuízo para os profissionais, para a população e também para os cofres públicos.