Anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro e o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no início deste mês, o programa Médicos pelo Brasil trouxe boas expectativas para as entidades Médicas.
A proposta definida por Medida Provisória e que dependerá de aval do Congresso, prevê a criação de uma carreira, além de salários que podem chegar a R$ 31 mil. O processo seletivo só ocorrerá após a sanção da lei pelo presidente da República, o que deve acontecer até novembro, segundo o ministro da Saúde.
O que traz esperança aos médicos é o vínculo de trabalho que passa a ser mais aprazível, carteira assinada, estabilidade e a possiblidade de escolha de local de trabalho conforme classificação na seleção. Embora estes atrativos tenham animado a categoria médica, a saúde pública no Brasil tem muito a evoluir.
O presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, Marcelo Santana explica que a desvalorização da profissão começa com os gestores, com os contratantes, que desrespeitam e depreciam a carreira médica e o programa apresenta uma relevante melhoria nesse quesito. “Nos últimos anos a medicina brasileira vem sofrendo demasiadamente com a precarização e a desvalorização do trabalho do profissional médico, vimos o surgimento de contratos trabalhistas duvidosos, arriscados, muitas vezes nocivos à categoria, que foram implementados por extirpadores de direitos básicos dos trabalhadores médicos e que estão cada vez mais presentes no cenário nacional. Essas relações foram validadas e estimuladas nos governos anteriores, principalmente no âmbito da contratação pública, impactando diretamente na qualidade de vida do profissional, resultando quase sempre em graves consequências na saúde física e mental dos médicos brasileiros. Isso fez com que a qualidade do serviço oferecido a população caísse consideravelmente. O médico e os cidadãos brasileiros estão cada vez mais reféns de gestores inescrupulosos, que tornaram esse cenário bastante sombrio e desanimador. Agora com a implantação do programa Médicos pelo Brasil, surge uma esperança no caminho e na dignificação do médico, há um restabelecimento de condições básicas de trabalho, gerando motivação e confiança para a categoria. Com certeza nós acreditamos que isso também vá gerar uma melhora importantíssima na qualidade da assistência oferecida a população. Nós estamos muito agradecidos por esse resgate da dignidade médica no serviço público que, o Ministério da Saúde e Governo Federal vão proporcionar com a reformulação do programa. Nós esperamos que, Médicos pelo Brasil se desenvolva, cresça e amplie-se para as outras categorias da saúde, para que desta forma a solução para o problema da Saúde Pública no Brasil seja definitivamente sanada. Estimamos sucesso para o programa”.
O presidente licenciado do Sindicato, Flávio Freitas Barbosa, entende que o programa vem com inúmeros benefícios para os médicos e população, porém não é a solução do caos da saúde pública, ainda há muito a ser feito para que os resultados sejam alcançados e o Brasil consiga oferecer saúde digna aos cidadãos. “O médico passa a ter o que não tinha antes, direito a férias, direito a fundo de garantia, direito a auxílio doença, maternidade, e vários outros aspectos. Quando você sai da informalidade coloca a legalidade no processo, isso já demonstra transparência e o empenho do governo em levar novamente esses médicos para essas áreas remotas. Temos médicos suficientes no país, mas o que a gente percebe é que a imensa maioria quer ficar nos grandes centros, seja por qualidade de vida, para constituir família, porém precisamos pensar em todos os brasileiros. O país possui diferentes realidades e o programa pode estreitar isso e levar saúde aos que mais precisam. O programa vai ajudar, mas não vai resolver. Os sindicatos, associações médicas e os conselhos de medicina acreditam que a solução total desse problema da saúde pública é um investimento em todo setor, não se faz saúde pública investindo em apenas um profissional. A maioria das unidades, que trabalham com resultados satisfatórios, tem equipes permanentes, equipes com capacitação, estrutura de atendimento, e vários outros tipos de investimentos. A gente percebe que a saúde está sucateada em todo o Brasil, unidades sem adequação para atender pacientes, falta de condições de trabalhos, esses são os principais fatores, não adianta colocar um médico em um município que tem dificuldade de contratação, se você não der as condições dele atuar, não basta uma mesa e uma maca, ele precisa do básico, e esse básico está defasado em todo país. Portanto o programa é positivo, porém não é a solução de tudo, a solução de tudo é dar condições para esses profissionais atenderem com dignidade a população”.
O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul apoia o programa e estima que todos os profissionais que venham a participar, sejam motivados a seguirem carreira e levarem saúde às regiões mais remotas do país.