RS: residentes de 7 cidades gaúchas param nesta 5ª (24) em mobilização nacional

 Médicos residentes de sete cidades do Estado se mobilizam nesta quinta-feira (24) dentro da paralisação nacional da categoria. Os protestos atingem 22 hospitais – 21 deles com suspensão parcial ou total de atendimentos (consultas e cirurgias eletivas) – para chamar a atenção da sociedade à valorização da formação dos futuros especialistas. A assistência em urgências e emergências feita por residentes será mantida. O movimento é contrário a cortes nas verbas para a saúde pública, alvo do ajuste fiscal. O movimento é liderado no Rio Grande do Sul pela Associação dos Médicos Residentes do RS (AMERERS) e no País pela Associação Nacional dos Médios Residentes (ANMR). O Sindicato Médico do RS apoia a mobilização.

Painel das mobilizações e paralisações no Estado:
> Porto Alegre: residentes do complexo da Santa Casa (5 hospitais), Grupo Hospitalar Conceição (4 hospitais), Hospital de Clínicas, HPS, São Lucas da Pucrs e Ernesto Dornelles. O que vai ocorrer: concentração dos médicos em frente ao Clínicas, a partir das 10h. Por volta das 10h30, a categoria sai em caminhada em direção à Santa Casa (seguindo pela avenida Osvaldo Aranha). Um ato ocorrerá às 11h30 em frente ao complexo hospitalar, na Avenida Independência.
> Canoas: residentes do Hospital Universitário (HU). Ato: se concentram em frente ao hospital.
> Pelotas: residentes da Santa Casa e Hospital Universitário São Francisco. Ato: residentes se concentram a partir das 10h, no Pronto Socorro Municipal, onde entregam panfletos à população e divulgam suas pautas.
> Rio Grande: residentes do Hospital Universitário e Santa Casa. Ato: a partir das 10h, estarão na rua General Osório, entre os dois hospitais. Entregam panfletos à população e às 12h30, fazem abraços aos prédios dos estabelecimentos.
> Santa Maria: residentes do Hospital Universitário, campus Camobi da UFSM. Ato: se concentram em frente ao HUSM, onde fazem abraço ao prédio no fim da manhã.
> Ijuí: residentes do Hospital de Caridade. Ato: farão ato em frente ao hospital, com panfletagem, a partir das 8h até as 17h30.
> Passo Fundo: residentes do Hospital da Cidade (vão parar) e do São Vicente de Paulo (apoiarão mobilização, sem parar atendimentos). Ato: residentes do Cidade se concentram, a partir das 10h, em área interna do estabelecimento e esclarecem as razões do movimentos à população.

A Associação dos Médicos Residentes do Estado (AMERERS) já comunicou a direção dos hospitais para se antecipar e ajustarem agendas de consultas e procedimentos, minimizando o impacto a pacientes, ressalta o presidente da AMERERS, Paulo Ricardo Mottin Rosa. Os residentes participam da maior parte dos atendimentos do SUS, onde fazem a formação nas mais de 50 especialidades médicas reconhecidas.

Especialidades na vitrine
O movimento ocorre justamente em um momento em que o governo federal anuncia ampliação de vagas e programas que viraram trampolim para ingressar nas residências (como o Provab), mas a preocupação é com a garantia da qualidade na formação. Além da fiscalização sobre as condições do treinamento dos médicos, o movimento de residentes defende a valorização do médico preceptor, que monitora e apoia o treinamento.

“A proposta é criticada pela ausência de estrutura para receber médicos residentes com preceptoria adequada e pela questionável prioridade na quantidade de vagas, em vez da qualidade do programa. Há o risco de se formar médicos sem a competência necessária para resolver as demandas da população, desde a atenção básica até consultas especializadas (oftalmologia, psiquiatria, ortopedia), que demoram, eventualmente, até um ano para acontecer”, reforçou Mottin.

Até 2018, o governo federal quer alcançar uma vaga de residência para cada médico formado. Desde 2013, já teriam sido autorizadas 4.742 vagas dentre as 12,4 mil previstas para formação de especialistas. Em agosto, foi anunciada a criação de mais 3 mil bolsas de residência no País (2 mil financiadas pelo Ministério da Saúde e mil pelo Ministério da Educação). A quantidade deve chegar a 7.472 vagas (62% da meta), segundo o governo — 75% das ofertas serão para Medicina de Família e Comunidade. A proporção é criticada, devido à carência de especialidades em diversas áreas.

Confira o documento com a posição da categoria no Estado:

A Associação dos Médicos Residentes do Rio Grande do Sul (AMERERS) decide aderir à paralisação em consonância com o Movimento Nacional de Valorização da Residência Médica, organizado pela Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR). As ações de valorização dos programas de Residência Médica são muito bem-vindas. Com a perspectiva de abertura de um grande número de vagas em programas no curto prazo, apoiamos o fortalecimento dos instrumentos de fiscalização dos novos programas com ênfase na manutenção da qualidade da formação.

Da mesma forma, salientamos a necessidade de valorização da preceptoria, através de medidas como plano de carreira e remuneração adequada. Apoiamos a Residência Médica como padrão-ouro na formação de especialistas. Defendemos a reconsideração dos cortes orçamentários dos serviços de saúde do SUS que, além de prejudicar a assistência dos pacientes, compromete o adequado treinamento dos médicos especialistas em formação.

Desta forma, gostaríamos de informar aos médicos residentes do Rio Grande do Sul e seus respectivos coordenadores de curso que a AMERERS participará da paralisação nacional do dia 24 de setembro, a partir das 10 horas da manhã, em frente ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Sugerimos aos respectivos serviços que se organizem para liberar seus residentes durante este período.

Residentes juntos pela qualidade da formação médica!

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