Alguns consultórios têm ar condicionado porque os médicos se cotizaram e compraram os aparelhos, contou o ginecologista Claudio Miron. A também ginecologista Lisiane Neila Saggin apontou a abertura na parede onde funcionava um aparelho em seu consultório. "O equipamento estragou e mandei arrumar. Comprei há anos para colocar aqui, vou pagar R$ 500,00 pelo conserto, mas é o único jeito de conseguir ter ambiente para atender", disse a médica, descrevendo seu drama. "A sala onde faço exame em gestantes e mulheres em geral não tem janela, muito menos ventilador. Gotas de suor pingam do meu rosto durante o exame. É insuportável", reage Lisiane. No consultório, o ventilador de teto não pode ser ligado, pois os fios estão desconectados.
A grávida Raquel Rosa Lopes, aos noves meses de gestação, não sabia como aliviar o abafamento no corredor de espera. O local é insalubre. Não tem janela, nenhuma ventilação e o calor é sufocante. "Passo mal aqui, está pior do que na rua. Não acredito que a prefeitura não pode nem colocar um ar ou ventilador", lamentou a grávida, que usava papéis de exames para se abanar. Ao entrar na sala do ginecologista e sentir o acalentado "arzinho" frio, Raquel ficou surpresa ao saber que o médico pagou para ter o aparelho.
"Quem tem de fazer isso é a Secretaria da Saúde, mas só assim para trabalhar e cuidar das pacientes", frisou Miron. A aposentada Maria de Lourdes Machado mostrava desconforto com o calor, nem sentar conseguia. Na unidade de Saúde da Família, próximo aos consultórios do segundo piso, o ventilador de chão também foi adquirido pelos funcionários. No local, mãe e filho esperavam por um exame e declararam não aguentar tanto calor.
O diretor do SIMERS, André Gonzales, lamentou as condições do Modelo, que realiza centenas de atendimentos em pediatria, ginecologia, clínica geral e medicina de família, tem farmácia, posto de vacinação e grupos de acompanhamento de pacientes. "Até o bebedor de água não funciona. Álcool gel não existe nos suportes. Este abafamento faz mal a todos, é lamentável", criticou o diretor. O Sindicato enviará ofício à Prefeitura Municipal cobrando medidas urgentes, com cópia à Delegacia Regional do Trabalho, Vigilância Sanitária e Conselho Regional de Medicina (Cremers). "Se não tem ar condicionado, que religuem os ventiladores de teto. Isso é desumano. As equipes já pediram ajuda e nada foi feito até agora. Muitas consultas ocorrem com portas abertas, o que impede a privacidade", listou Gonzales.